Bhagavad-Gitâ, A Sublime canção, A Canção do Senhor.
Introdução
A leitura desta Sublime Canção é útil para todos:
cada um, porém, poderá assimilar e compreender só aquilo que estiver em
harmonia com o desenvolvimento de suas faculdades psíquicas e espirituais.
Não podemos desvendar totalmente o sentido esotérico
deste precioso livro, porque – conforme as leis da natureza superior – cada um
há de descobri-lo por si mesmo; acrescentamos, entretanto, notas e observações
que serão úteis para aqueles que aspiram á Iniciação.
Capítulo 1
40. Tem-nos
sido ensinado que, com o extermínio de uma geração, se destrói a virtude, e com
a destruição da virtude e da religião de um povo, apoderam-se de toda a raça, o
vício e a impiedade.
41. Onde reina
a impiedade, corrompem-se também as mulheres nobres, e onde a mulher está
corrompida, desaparece a pureza do sangue.
42. A
adulteração do sangue é precursora do esquecimento dos ritos devidos aos
antepassados, e estes (se as doutrinas do povo são verdadeiras)¹, sendo privados
dos sacrifícios de que se sustentam, caem das alturas celestes.
¹ A tradição, que prescrevia o respeito à família,
aos parentes, aos instrutores, aos ritos, à instituição e deveres das castas,
sem o que a alma cairia em condições piores, antes e depois da morte.
43. A
consequência de tal corrupção é o aniquilamento dos destruidores da raça e dos
direitos eternos da família.
44. Os homens
que destroem a religião da família vão para o inferno. Assim ensinam os nossos
livros sagrados.
45. Ai de mim!
Ai de nós, que estamos nos preparando para cometer o horrível crime de matar os
próprios parentes e consanguíneos pela bagatela de obter o domínio pelo desejo
do poder!
46. Eu
preferiria entregar o meu peito descoberto às armas dos Kurus, e deixá-los
beber o sangue do meu coração. Eu preferiria esperar a sua chegada, desarmado,
e receber deles o golpe mortal, sem me defender. De certo, isto seria melhor
para mim do que cometer esse horrível crime! Ai de mim! Ai de nós todos!
47. Assim
clamando, sentou-se Arjuna no banco do carro e deixou cair o arco e as flechas
da sua mão, todo entregue à aflição e ao desespero que lhe consumiam o coração.
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